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13 de abr. de 2011

Noticiário poético

 
 
Novo livro do pesquisador e jornalista Gilmar de Carvalho reconstrói histórias de e sobre o cordelista Moisés Matias de Moura. Na obra do artista, o cordel flertava com o jornalismo
Há uma imagem forte evocada por Walter Benjamin (1892 - 1940) para falar da história. Testemunha única dos acontecimentos, o Anjo da História vê, aterrorizado e impotente, o passado, enquanto é arrastado por fortes ventos que o lançam ao futuro. "Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu", escreveu Benjamin, na nova tese de seu famoso ensaio "Sobre o Conceito da História".
Gilmar de Carvalho, em seu novo livro, se lança a tarefa almejada pelo anjo descrito por Benjamin. O morto que acorda é Moisés Matias de Moura (1891 - 1976), pernambucano, cordelista, que veio para o Ceará nos anos 1920, iniciou-se na literatura de folhetos em Juazeiro do Norte e fez carreira no Ceará, escrevendo cordéis pautados em episódios marcantes do cotidiano da cidade. Os fragmentos que junta são as obras do escritor e episódios de sua vida.
Pesquisador incansável e escritor prolífico, Gilmar de Carvalho é autor de algumas dezenas de livros, a maioria fruto de seus estudos sobre as artes e as vivências das tradições populares cearenses. Em "Moisés Matias de Moura - O Cordel de Fortaleza", convergem temas recorrentes na produção de Gilmar de Carvalho: a tradição (evidenciando, sobretudo, seu caráter móvel, de constante transformação), a comunicação (tantos meios de massa, quando alternativas a eles), a escrita poética e a história cultural do Ceará. O livro será lançado às 17h30, no Museu do Ceará, celebrando o aniversário de Fortaleza.
Vida e obraO trabalho é dividido em duas partes, a última uma reunião de cordéis. A primeira é formada por uma construção do personagem Matias de Moura a partir dos fragmentos de obra encontrados, das memórias ainda persistentes na família e dos poucos textos que citam o cordelista.
Gilmar não escreve como historiador, mas como benjaminiano que é, ciente das propriedades criativas do texto. Sem recorrer à ficção, sua escrita dá ordem às ruínas (constantes em nossa história) que ameaçavam enterrar, definitivamente, Moisés Matias de Moura.
Folheto, folhetim e jornalismoNo livro "Moisés Matias de Moura", Gilmar de Carvalho reuniu 17 cordéis, sobreviventes dos mais de 100 títulos que o cordelista produziu. A coleta foi difícil e é resultado de uma relação de mais de 20 anos com o tema.
"Esbarrei nele quando estava fazendo meu mestrado (concluído em 1991), que foi publicado no livro ´Publicidade em Cordel´. Fiquei curioso porque ele constava no catálogo da Casa Rui Barbosa, mas se falava pouco dele. Em algumas antologias, bem feitas, bem pesquisadas, ele não aparece. O silêncio me incomodou. Como gosto de ir nessa trilha do que não fez sucesso, do que ficou esquecido, comecei a pesquisar sobre ele", conta o autor. O poeta escreveu sobre desastres naturais, crimes bárbaros, dentre outros temas "quentes".
Foi a jornalista Tânia Furtado, aluna de Gilmar, quem trouxe do Rio de Janeiro os primeiros 10 folhetos, copiados do acervo da Rui Barbosa. A partir daí, o pesquisador sentiu-se mais seguro para partir em mais uma de suas buscas. O primeiro texto de Gilmar de Carvalho sobre Matias de Moura foi publicado nos 100 anos do cordelista, no Diário do Nordeste.
Em Matias de Moura, Gilmar destaca o fato de ter falado de Fortaleza, ainda que o autor não seja único no flerte do cordel com o jornalismo. "Do ponto de vista da métrica, ele não é um poeta rigoroso. Interessa saber como escolhia os temas. Por que falar deste crime e não de outro?", exemplifica.
TRADIÇÃO
Moisés Matias de Moura - O Cordel de Fortaleza Gilmar de CarvalhoCOLEÇÃO JUAZEIRO, 2011, 233 PÁGINAS, R$ 30
Lançamento às 17h30, no Museu do Ceará (Rua São Paulo, 51 - Centro).
Contato: (85) 3101.2610
DELLANO RIOSREPÓRTER

10 de abr. de 2011

Chico Anysio

Nosso maior gênio do humor completa, na próxima terça-feira, 80 anos de idade. E não é que Francisco Anysio de Oliveira Paiva Filho, que o Brasil, e diversos países do mundo, aprenderam amar e chamar de Chico Anysio, continua sua saga de surpreender o público e superar os próprios limites!Já em casa, depois de longos três meses de internação no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, quase sempre apresentando quadros de hemorragia digestiva, complicações cardíacas ou pulmonares, Chico Anysio, aos poucos, volta às suas atividades normais.
A começar pelo lançamento de mais um livro, "O fim do mundo é ali", da Editora Prumo, que traz mais de trinta novos contos com a pegada arguta e engraçada que só Chico sabe empregar à prosaicas situações do cotidiano.
Outra novidade que corre à boca miúda é que, nos próximos dias, Chico receberá em sua casa, na Barra da Tijuca, uma equipe da Rede Globo para gravar um quadro para o programa Zorra Total. Na ocasião, Chico Anysio deve interpretar uma de suas mais emblemáticas personagens: a super-íntima do presidente João Figueiredo, Salomé Maria da Anunciação, mais conhecida como, Salomé de Passo Fundo.
Aliás, falando em interpretar personagens e/ou personalidades, talento que consagrou Chico desde o início da carreiraganhou homenagem em forma de livro. Organizado por Ziraldo, "É mentira, Chico?" (Editora Resultado) reune 200 criaturas criadas, roteirizadas, caracterizadas e interpretadas pelo garoto que partiu para o Rio aos 8 anos de idade e, aos 16, já chamava atenção do grande público do rádio pela desenvoltura, e incomodava a concorrência pelo talento arrasador.
Origens"Sou artista porque esqueci o tênis", disse, cheio de graça, ao Caderno 3, durante sua curta passagem pelo II Festival de Humor de Maranguape, realizado ano passado, em sua cidade natal, ocasião em que visitou o museu local que, hoje, abriga 15 bonecos, de cerca de um metro de altura, com articulações e figurinos perfeitos, todos feitos em formato de marionetes, pelo artista plástico cearense, Gandhy Piorski Aires.
"Eu voltei para casa porque tinha ido jogar bola, mas o campinho tinha mudado de local, e precisava jogar calçado. Encontrei minha irmã Lupe (Gigliotti, falecida em dezembro de 2010) e um amigo dela saindo para fazer um teste na Rádio Guanabara. Fui, me empolguei e logo estava imitando trinta e duas vozes de artistas da época. Depois disparei a ganhar os programas de calouros no Rio e em São Paulo. Com pouco tempo não aceitavam mais, nem a mim, nem ao Manoel da Conceição, o Mão de Vaca, grande violonista", recorda Chico.
Ainda bem jovem, os ares de mestre deram os primeiros sinais, e, com pouquíssimo tempo, Chico acumulava funções de rádio-ator, locutor, redator, comentarista esportivo e passaria, com louvor pelo casting das três maiores emissoras da época, TV Rio, TV Tupi e TV Excelsior, todas extintas. Aliás, trabalhar muito, também é outra marca registrada do nosso cearense ilustre. Tanto que, não raro, nos últimos anos, vimos nosso eterno Professor Raimundo, discretamente lamentando não estar no ar com seus impagáveis personagens.

NATERCIA ROCHAREPÓRTER

6 de abr. de 2011

O passado revivido

Uma parceria entre Museu do Ceará e a família do historiador Ismael Pordeus (1912 - 1964) promove hoje o lançamento de livro que reúne textos do intelectual cearense a respeito de Antônio Conselheiro e de Quixeramobim
Na década de 50, os escritos do historiador Ismael Pordeus, natural de Quixeramobim, ganhavam as páginas dos jornais. Assim como muitos de sua época, era por meio dos periódicos que o intelectual publicava suas descobertas em arquivos, fazia críticas e promovia debates que, posteriormente, também se tornaram históricos, como as compartilhados com Raimundo Girão.
Por legado, o pesquisador deixou a valorização dos documentos de arquivos, o cuidado e o rigor das pesquisas em "alfarrábios e cartapácios", como frisa a socióloga Ana Maria Roland. A fim de preservar artigos publicados no extinto jornal O Nordeste, e divulgar um outro, ainda inédito, o Museu do Ceará e a família de Pordeus lançam hoje o coletânea "Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim".

Obra
O livro é o 65º volume da Coleção Outras Histórias, publicada pelo Museu do Ceará. Possui prefácio de Ana Maria Roland e apresentação de Cristina Rodrigues Holanda, atual diretora da instituição.
Versando sobre os temas que mais instigaram as pesquisas do historiador, a obra contém três séries documentais: "A verdadeira idade de Antônio Conselheiro", obra inédita, de data indefinida, em que Pordeus comprova o engano na estipulação da idade do beato, por meio de documentos cartoriais de Quixeramobim; "Antônio Conselheiro não é matricida" (1949), que também refutava teorias a respeito da vida de do líder de Canudos por meio de arquivos dos cartórios da região; e "Antônio Dias Ferreira e a matriz de Quixeramobim" (1955), que parte de uma documentação pesquisada em função do bicentenário da paróquia.
"A ideia foi dar publicidade aos documentos que temos em nossa reserva técnica e que não temos em exposição", ressalta a diretora do Museu, Cristina Holanda. Para a produção deste livro, lançado por meio do edital Prêmio Literário para Autores Cearenses, da Secretaria de Cultura do Ceará, o Museu digitou a compilação de artigos recebida da família do historiador, já organizada em ordem cronológica. Foram cerca de quatro meses de produção, entre digitação dos documentos e edição da obra.

Para Cristina Holanda, a oportunidade de ainda possuir em artigos de jornal o pensamento de estudiosos como Ismael Pordeus é de suma importância para a pesquisa local. "O jornal é uma fonte importantíssima para a pesquisa histórica. Por meio dele, muitos temas podem ser suscitados, desde aqueles que já consideramos históricos, até os do cotidiano, que acabam se tornando possíveis objetos de pesquisa", observa Cristina.
O acervo do historiador foi doado à instituição pela família ainda na gestão de Régis Lopes, professor do curso de História da UFC. Segundo ele, Pordeus se destacou em seu tempo por não reproduzir estudos de terceiros, mas buscar nos documentos históricos a comprovação de suas hipóteses.
"Ele foi um pesquisador que valorizou o papel dos arquivos. Ele mostra isso muito bem no seu livro ´À margem de dona Guidinha do Poço´, no qual comprova que o romance de Manuel Oliveira Paiva fora baseado em num fato que realmente existiu, o caso de Marica Lessa, no século XIX", comenta.
Para Lópes, a valorização da produção local e das documentações são também o objetivo das publicações que compõem a Coleção Outras Histórias. "Continuar publicando esses documentos é até uma forma de motivar novas pesquisas. A produção intelectual do Ceará é muito grande e muitas vezes as pessoas não valorizam isso", defende. Em sua opinião, os periódicos produzidos pelo Instituto Histórico do Ceará, do qual Pordeus foi diretor, são os melhores do País, excetuando a revista do Instituto Nacional, que responde por todos os outros.
AutorIsmael de Andrade Pordeus nasceu em Quixeramobim, em 1912. Tornou-se colaborador do jornal "O Nordeste", em meados dos anos 40, no qual publicou artigos de cunho histórico e abordou questões relativas a Antônio Conselheiro.
Foi Secretário Municipal de Educação de Fortaleza, na gestão Cordeiro Neto, entre 1959 e 1962. Tornou-se membro e, posteriormente, diretor do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, pelo qual se voltou a uma busca incessante por documentos em arquivos públicos do Brasil e do exterior.
Participou ativamente da polêmica sobre a fundação de Fortaleza, na qual contrapunham a teorias partidária de Martins Soares Moreno e de Matias Beck. Pordeus uniu-se aos apoiadores de Soares Moreno, digladiando-se com outro importante intelectual, Raimundo Girão Barroso, partidário de Matias Beck.
Sobre tal querela, registrada em diversos artigos de jornal, o professor João Hernani Furtado, da Universidade Federal do Ceará, escreveu o livro "Soares Moreno e Matias Beck. Inventário de uma polêmica nos escritos de Ismael Pordeus", publicado também pela Coleção Outras Histórias, em 2002.

História Cearense
Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim Ismael Pordeus
Museu do Ceará/ Expressão , 2011, 191 páginas, R$ 10
O lançamento acontece hoje, às 17h30, no Museu do Ceará (R. São Paulo, 51).
Contatos: (85) 3101.2610
MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER

25 de mar. de 2011

Patativa tem estátua quebrada em três partes

Assaré. A estátua do poeta Patativa do Assaré, localizado ao lado da Igreja Matriz, em frente ao Memorial, foi quebrada em três pedaços. O acidente ocorreu no dia 10 de fevereiro, quando o cabeleireiro paulista Claudeilton Soares Alves subiu no pedestal da estátua para fazer uma foto ao lado do seu ídolo, a fim de levar como lembrança para São Paulo. Quando se posicionou para fazer a foto, escorregou, tentou se amparar na estátua, e ele caiu abraçado com o monumento.
O cabeleireiro fraturou a clavícula, deslocou o braço e lesionou um joelho, enquanto a estátua partiu-se nas pernas, no tronco e no pescoço. A cabeça foi totalmente destruída. No hospital, onde ficou internado, Claudeilton lamentou o acidente e prometeu pagar os prejuízos. Se for o caso, mandar fazer outra estátua. Os pedaços da estrutura de resina foram levados para o 3º andar do Memorial Patativa do Assaré.
A presidente da Fundação Memorial Patativa do Assaré, Isabel Cristina, que é neta de Patativa, explicou que, a princípio, a família ficou revoltada. A primeira providência foi registrar um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Polícia para a tomada de providências. "A revolta só acabou quando a gente soube que se tratava de um grande fã que, na ânsia de levar uma lembrança do meu avô, terminou sofrendo um acidente".

O filho mais novo do poeta, João Batista, que mora em São Paulo e estava de férias em Assaré, lamentou o acidente. No entanto, ao saber que não se tratava de vandalismo, foi solidário com o cabeleireiro que ainda hoje está sem trabalhar por conta da situação. A neta de Patativa, Isabel Cristina, entrou em contato com o escultor Murilo de Sá Toledo, que construiu a estátua em homenagem ao avô.

Ela foi informada de que a restauração do monumento, feito em resina, custa R$ 30.000,00. Em bronze, o preço sobe para R$ 60.000,00. Isabel pondera que talvez o cabeleireiro não tenha condições de custear as despesas, mesmo porque ele ainda está convalescendo da fratura que sofreu em consequência da queda. Talvez seja preciso fazer outra cirurgia.
O secretário de Cultura de Assaré, Marcos Salmo, garante que a cidade não vai ficar sem o seu maior símbolo. A estátua será restaurada. Para isso, estão sendo mantidos contatos com representantes políticos do Município na Câmara Federal, entre os quais o deputado Chico Lopes, que, segundo Salmo, prometeu uma ajuda financeira.
Na próxima semana, o secretário viaja a Brasília, levando um projeto com o orçamento, buscando a liberação de recursos para restauração ou construção de um novo monumento. O fotógrafo Wilson Bernardo, que foi professor em Assaré, disse que, sem a estátua, a cidade perde o seu maior referencial. Patativa foi e continua sendo o maior administrador da cidade. Os empreendimentos que estão sendo instalados no Município são arrastados pelo prestígio do poeta que, mesmo morto, continua divulgando o nome de sua terra natal.
A estátua, em tamanho natural, medindo 1,60m, está localizada em frente ao Memorial Patativa do Assaré, na Rua Coronel Francisco Gomes, ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, em Assaré. Foi inaugurada pelo então governador Lúcio Alcântara, em 2004, com show reunindo artistas da terra, apresentações de repentistas, violeiros, grupos de penitentes e sanfoneiros.
Além da estátua, o governador inaugurou também uma ilha digital. A homenagem a Patativa é uma extensão do Memorial, onde está arquivado o acervo cultural do maior poeta popular do Brasil, que morreu no dia 8 de julho de 2002, com 93 anos, deixando cerca de dez livros publicados com mais de mil poemas, a maioria denunciando injustiças contra o Nordeste. O mais famoso deles é "A Triste Partida", musicado por Luiz Gonzaga.
Isabel CristinaPresidente da Fundação Memorial Patativa
João Batista Filho de Patativa
MAIS INFORMAÇÕES
Fundação Memorial Patativa do Assaré, Rua Francisco Gomes, 82 - Centro, Município de Assaré, Cariri - Telefone: (88) 3535.1742.
ANTÔNIO VICELMOREPÓRTER
Neta de Patativa, Fátima Gonçalves, ao lado da estátua quebrada em três partes: pernas, tronco e pescoço. A cabeça ficou totalmente destruída
FOTO: ANTÔNIO VICELMO
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O monumento, em tamanho natural, com 1,60m, estava ao lado da Igreja Matriz de N. Sra. das Dores
FOTO: THIAGO GASPAR

9 de fev. de 2011

Egito tem maior protesto contra ditador em 15 dias Formatação * Imprimir * Enviar * Aumentar * Diminuir Compartilhamento * delicous * digg * Google Reader * Facebook * MySpace Foto da matéria Clique para Ampliar Praça Tahrir foi mais uma vez palco dos protestos contra o presidente egípcio Hosni Mubarak. Entrevista de executivo do Google, após 12 dias preso, deu novo fôlego ao movimento FOTO: REUTERS 9/2/2011

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Praça Tahrir foi mais uma vez palco dos protestos contra o presidente egípcio Hosni Mubarak. Entrevista de executivo do Google, após 12 dias preso, deu novo fôlego ao movimento
FOTO: REUTERS
9/2/2011
Após 12 dias preso, executivo do Google instiga 

Após 12 dias preso, executivo do Google instiga uma das maiores manifestações desde o início dos protestos
Cairo. Os egípcios realizaram ontem um dos maiores protestos feitos até agora pela renúncia do presidente Hosni Mubarak, mantendo sua ira apesar do anúncio feito pelo vice-presidente de um plano para a transferência de poder.
Os manifestantes lotaram uma área da praça Tahrir, no Cairo, onde cabem 250 mil pessoas. Muitos ficaram comovidos com o relato de um executivo do Google que foi preso por envolvimento nos protestos.
O vice-presidente Omar Suleiman prometeu que não haverá represálias aos manifestantes que há duas semanas exigem a renúncia de Mubarak, há 30 anos no poder. A oposição, no entanto, rejeita as promessas do governo, acusando o regime de estar tentando ganhar tempo.
O movimento de contestação ao presidente ganhou fôlego por conta de um novo e inédito herói: Wael Ghonim, executivo do Google por trás da organização cibernética dos protestos. Hoje, o egípcio atraiu centenas de milhares de pessoas numa das mais numerosas manifestações já realizadas na Praça Tahrir.
Ghonim foi libertado na segunda-feira pelas autoridades egípcias depois de 12 dias na cadeia. No Facebook, mais de 130 mil pessoas entraram numa página defendendo sua eleição informal como "o porta-voz" do levante.
Depois de chorar numa entrevista à TV egípcia, ele discursou para a multidão na praça, reafirmando a intenção dos manifestantes de não interromper a ocupação do local enquanto Mubarak insistir na recusa em deixar a presidência.
Ghonim ganhou notoriedade ao mobilizar milhares após a criação de uma comunidade no Facebook em homenagem a Khaled Said, um jovem assassinado no ano passado por policiais na cidade de Alexandria.
O executivo fez ainda um tributo emocionado às vítimas fatais dos protestos, que segundo a ONU e ONGs de defesa dos direitos humanos já teriam chegado a pelo menos 300 desde 25 de janeiro, quando os egípcios foram às ruas - cerca de 230 mortes ocorreram apenas na cidade do Cairo.
"Vocês são os heróis. Eu não sou herói, vocês são os heróis", disse Ghonim, que diz ter passado 12 dias vendado enquanto esteve preso.
Em apenas duas horas após a entrevista, 70 mil pessoas aderiram a páginas de apoio a ele no Facebook. O Google já estava vinculado aos protestos no Egito, ao ter criado um serviço que ajudava os usuários do Twitter a burlarem as restrições do governo ao site. A empresa disponibilizou um número de telefone para receber mensagens de voz, depois publicadas no Twitter.
Mortos
300 pessoas morreram desde 25 de janeiro, quando os egípcios foram às ruas - cerca de 230 mortes ocorreram apenas na cidade do Cairo. Os protestos contra o presidente Mubarak já duram 15 dias.